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Pisando no chão do 3º Enjel

“Saberes, Sabores e Lutas : Territórios do Bem Viver ”

1. O tema que escolhemos para esse ENJEL foi mais do que uma inspiração em 2017, ele apontou caminhos e construiu projetos e estratégias em muitos territórios por todo o nosso chão comum. Diante do momento histórico que estamos experimentando, consideramos que a fundamentação é importante, mas também que podemos caminhar para a partilha de saberes e lutas que já experimentam o Bem Viver, como escuta coletiva, como aprendizagem em vistas de retornarmos aos territórios locais com o amadurecimento com relação a alternativas eticopolíticas, pedagógicas e místicas.

2. A proposta paradigmática do Bem Viver experimenta uma inter-relação de afeto com a cultura da vida. Gera uma consciência de que tudo vive e está interconectado, é interdependente e está inter-relacionado. O entendimento espiritual do Bem Viver orienta que a luta e a defesa da terra e do território fazem parte da reconstituição da cultura da vida. Essa consciência se torna sabedoria que é transmitida e, portanto, sempre retorna, se reforça e fortalece em relação com a terra, com a vida. (cf. (Tania Ricaldi Arévalo, Alternativas ao desenvolvimento. Construindo culturas de vida. In: Lesbaupin, I. e Cruz, M. (orgs) Novos Paradigmas para outro mundo possível. 2019, p. 65)

3. Apontamos, portanto, para um ENJEL voltado para a práxis libertadora e mistagógica, que contribua para que cada participante encontre alimentos para refletir e agir em contextos locais.4. Não pensamos o Brasil e a América Latina isolados do contexto atual da humanidade. Estamos dentro de uma conjuntura marcada por rupturas institucionais no Brasil pós-golpe parlamentar jurídico-midiático-empresarial e pela ascendência de um governo de direita ultra neoliberal e conservador. Esse contexto nos convoca ao debate que aponte para novos paradigmas. Para tanto, é importante analisarmos alguns caminhos em que uma mudança paradigmática já está ocorrendo, o que estamos chamando de ‘saberes e lutas’, mas também estarmos atentos para algumas práticas que se dizem ‘alternativas’ mas que, olhando com atenção, mantêm as lógicas de dominação, acumulação ilimitada, esquemas de desumanização e violação da natureza.

5. Assumir um novo paradigma é nos colocar o desafio de repensar as racionalidades, as relações em escalas mais próximas das necessidades locais e contextos territoriais. Para tanto, buscaremos a cosmologia do Bem Viver, dos povos contra colonialistas, considerando a perspectiva circular que enraíza uma visão de mundo, de pensar e de agir em circularidade dialógica. (Cf. Antonio Bispo. Aquilombe-se- usinadevalores.org.br/aquilombe-se)

6. Nesta mesma perspectiva, olhamos para nossa ancestralidade, para as aprendizagens de nosso tempo histórico e também para o que podemos construir no hoje e para um amanhã de Bem Viver. Sabemos que não estamos inventando novos modelos, mas diante de uma nova encruzilhada que convoca a esse olhar que integra passado-presente-futuro, e na qual nos sabemos comunidade.

7. Estamos falando em um tempo de transição paradigmática. Portanto, nos damos conta de que os modelos civilizatórios que assumiram o desenvolvimento como central precisam ser superados por novos modelos. Mas, como se consolidaram como sistemas hegemônicos, ainda faz sentido uma avaliação destas conjunturas, entendendo a concepção de desenvolvimento que as estrutura, seus diversos modos de dominação e eliminação das diversidades, a presença dominante da cultura patriarcal e machista, do racismo estrutural, do genocídio dos povos negros e dos povos originários, a forma como são construídas estruturas mentais e comportamentais que favoreçam essa lógica reducionista. E ainda, as falsas ideias de mundo ilimitado, de crescimento sem limites, de mercantilização dos bens naturais, a invisibilidade dos fatores que preservam a integridade humana e não humana.

8. “É inegável a necessidade de imaginar, impulsionar, promover e realizar transições paradigmáticas ao desenvolvimento, visando gerar diferentes formas de convivência socio natural, contribuindo para culturas de vida e não de morte. Um projeto civilizatório que se baseia na crescente evidência e consciência ecológica, o que Paniker chama de consciência da interdependência eco-bio-socio-tecnológica”. (Arévalo: 2019, 60)

9. Percorrendo esse dinamismo reflexivo e dialógico, nos propomos a reverenciar os saberes e lutas na direção da construção de resistências e alternativas que gerem a possibilidade de construir propostas que façam a diferença a partir dos próprios espaços locais. Estamos diante de uma “política do ser, uma política do tornar-se e da transformação e da ação que valoriza o significado da utopia com o direito de cada indivíduo e de cada comunidade de forjar seu próprio futuro. Os territórios culturais estão sendo fertilizados por um tempo que recria as estratégias produtivas e os sentidos existenciais.” ( Arévalo: 2019, 67)

10. Somaremos nesse ENJEL as iniciativas, experiências, saberes e lutas de interlocutores de nosso chão comum, movimentos de juventudes, movimentos sociais, comunidades locais com o propósito de dialogarmos como grande comunidade nesta tarefa de ampliar essa reflexão para os muitos territórios locais e seus sujeitos políticos.

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