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Fortaleza/CE, maio de 2014.

Primeiro Encontro Nacional

O 1º Encontro Nacional de Juventudes e Espiritualidade Libertadora aconteceu em Fortaleza/CE, entre 1° a 04 de maio de 2014, Condomínio Espiritual Uirapuru. Foi uma iniciativa da Agência de Informação Frei Tito de Alencar para América Latina e Caribe – ADITAL, com apoio do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (Ceseep), o Centro Superior de Estudos Teológicos e Pastorais/ PUC Minas (Cestep), o Centro de Formação Terra do Sol (CHS), a Rede Ecumênica da Juventude (Reju) e a Sociedade de Teologia e Ciências da Religião (Soter).

O objetivo principal do Encontro foi discutir a relação entre a juventude e a sua espiritualidade, ou seja, como os jovens veem essa questão. Algumas importantes indagações surgiram no processo de construção do Encontro: estarão a Igreja e a academia preparadas para os questionamentos de uma juventude unida mundialmente pela tecnologia, mas sobrecarregada de informação? Como as atuais gerações estão se preparando para os desafios de uma sociedade em rápida transformação? Por que a espiritualidade representa libertação? A partir desses e outros questionamentos, o Encontro reuniu em Fortaleza importantes pensadores do Brasil e do exterior na área de espiritualidade com jovens vindos de todas as regiões do Brasil. Unindo diferentes pontos de vista, através de mesas redondas, oficinas, além de bate-papos informais, eles e elas tentaram apresentar à sociedade uma resposta aos profundos questionamentos morais e espirituais que o mundo atual desperta.

Ao final do encontro, as juventudes presentes escreveram uma carta, que segue abaixo.

Carta de Fortaleza

Jovens de diferentes lugares, regiões, sotaques, igrejas e experiências nos encontramos em Fortaleza (CE) entre os dias 1º e 04 de maio de 2014, para uma vivência e um diálogo inter-geracional sobre a espiritualidade libertadora. Foram trajetórias pessoais, comunitárias, eclesiais e de movimentos que vêm de distintos rios, riachos, lagos, cacimbas… inspirad@s pelo sonho de se construir outros mundos possíveis e animad@s na busca da justiça e pela utopia do reino de Deus, sinais de um prosseguimento do sonho de Jesus, fontes de água viva ante aos desertos de nossa história. 

Reunid@s nas plenárias, oficinas e encontros cotidianos, bebemos de fontes de nossas vidas e realidades juvenis; de teologias da libertação; da memória de tantas mulheres e homens e de tantas experiências que foram vividas antes de nós. 

É com essas águas que alimentamos o nosso cotidiano. Reconhecemos que a espiritualidade libertadora é um modo de viver, de expressar o apelo radical feito por Jesus quando assumiu a nossa humanidade. Essa espiritualidade perpassa nossos corpos, o nosso “coração de carne?, nossas entranhas, ante as provocações da realidade que nos oprime, permeada por sinais de morte e cruzes fixas nas esquinas de nossas casas, nas vielas de nossas comunidades, nos espaços eclesiais. Elas nos provocam para uma opção pelas pessoas excluídas e à margem do neoliberalismo, sistema idolátrico que pede vítimas. A espiritualidade deve nos levar à boa notícia da vida plena e abundante para todas as pessoas e toda a Criação. Uma vida sem muros, sem as barreiras do individualismo, fundamentalismos e intolerâncias. 

Com este espírito, com humildade e rebeldia amorosa, nos comprometemos a: 

  • denunciar e lutar contra o extermínio da juventude negra, pobre e periférica, configurado como verdadeiro genocídio; 
  • enfrentar a homofobia, a lesbofobia e transfobia, que negam o direito de expressar a vivência de uma sexualidade marcada pela pluralidade e pelas diferenças; 
  • combater o capitalismo, o patriarcado e o machismo, que (des)estruturam a nossa casa-comum e destroem e ceifam as vidas de tantas mulheres e desumanizam os homens; 
  • contestar a influência do fundamentalismo religioso no exercício da política institucional, um modo de agir que testemunha uma religião arrogante, preconceituosa e excludente, que compromete a garantia do Estado Laico; 
  • participar ativamente no processo da reforma do sistema político brasileiro; 
  • sensibilizar e assumir a defesa de uma justiça socioambiental que garanta a vida do nosso planeta e de seus habitantes, assegurando os recursos naturais para as futuras gerações; 
  • engajar-se na luta pela justiça no campo, pela realização de uma reforma agrária popular, pela demarcação das terras indígenas e das terras ancestrais d@s quilombolas e outras comunidades tradicionais, como também pela integridade de suas culturas. Essas dimensões são fundamentais para evitar o genocídio destas populações; 
  • lutar contra todo tipo de atitude ou expressão de intolerância religiosa e assumir a profecia de uma vivência ecumênica que testemunhe o Mistério atuante na diversidade reconciliada; 

Que a nossa espiritualidade se alimente da mesma mística de Jesus e da sua fidelidade ao sonho maior do bem-viver. Vinho novo em odres novos nos reúna na festa que já celebramos na fé do que há de vir, antecipado na alegria de nossos corpos, de nossos encontros, brincadeiras e danças na construção de mundos novos, possíveis e imaginados, numa esperança organizada. 

Amém, Axé, Aleluia, Awêre.

 

Fortaleza, 1º a 4 de maio de 2014.

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