minorias abraâmicas

A propósito da colmeia do MEL

Reúno aqui alguns trechos sobre esse tema tão sacramental com que Marcelo Barros identificou o MEL.

Se possível, tenham como livro de cabeceira nestes tempos o Roteiro para O deserto é fértil. Dom Hélder Câmara. São Paulo: Civilização Brasileira, 1976

“O mundo não mudará pela ação isolada de líderes esclarecidos e sim pelo empenho comunitário de grupos de resistência e de profecia que se consagrem a transformar o mundo a partir de uma profunda convicção de fé no ser humano e na vida. Dom Hélder chamava esses grupos de minorias abraâmicas, por serem fecundos fermentos de uma humanidade nova. Mesmo se, na luta, somos como Davi, jovem e frágil, em combate contra Golias, o poderoso gigante, a fé nos faz acreditar que temos do nosso lado o Espírito Divino. Ele nos impulsiona de luta em luta, sempre no testemunho de um projeto divino que nasce dos pequenos, desses grupos de base, aparentemente impotentes que Dom Helder chamava de “abraâmicos” porque tornam fecundo o impossível chão de nossas esperanças.” ,(Marcelo Barros)

As “minorias abraâmicas”

Abraão foi chamado por Deus. Não vacilou um instante. Partiu. Caminhou. Enfrentou provações dificílimas. Aprendeu a despertar irmãos, em nome de Deus. A chamar, a encorajar. A pôr em marcha… judeus, cristãos e islamitas conhecem-lhe a história. Como se chamará, dentro das religiões, o pai dos crentes, o animador das caminhadas?

Pensando nas minorias chamadas a servir, chamemos de Minorias Abraâmicas. Nada impede que cada raça e cada religião lhes dê nome equivalente e que mais corresponda ao próprio gênio religioso e à própria tradição.

Não pense, meu irmão humanista ateu, que esteja esquecido. Vá traduzindo em sua linguagem o que digo na minha. Onde falo em Deus, quem sabe, você traduz por Natureza ou Evolução…

Se sente, no íntimo, o desejo de responder aos dons que possui, se o egoísmo lhe parece estreito e irrespirável; se experimenta fome de verdade, de justiça e de amor, saiba que pode e deve caminhar conosco. Sem saber e, talvez sem querer, é nosso irmão ou nossa irmã. Aceite a nossa fraternidade: nós nos entenderemos e poderemos caminhar juntos. (Dom Hélder)

Em todas as partes existem já minorias capazes de compreenderem a Ação, a Justiça e a Paz. A estas minorias nós chamamos as “minorias abraâmicas”, porque, como Abraão, esperam contra toda esperança.

Julgas que estás só? Olha para os que estão à tua volta. Fala com os teus amigos. Dialoga com os da sua família, com os teus companheiros de estudo, de trabalho, com os teus amigos dos momentos livres. Terás a surpresa de descobrir que a tua “minoria abraâmica” já existe. E tu não o sabias …

A tua “minoria abraâmica” necessita talvez de um espírito lúcido, de alguém com experiência para iluminar os primeiros passos, para assegurar o começo dos estudos, da reflexão, da ação. Esse alguém já existe, só falta encontrá-lo.

Quando as minorias abraâmicas do Terceiro Mundo se sintam autenticamente solidárias e, sobretudo, quando forem acolhidas fraternalmente pelos países desenvolvidos, a humanidade terá dado um importante passo no caminho da paz.

Uma descoberta maravilhosa, o essencial a transmitir é descoberta maravilhosa: em todos os recantos da terra, dentro de todas as raças, todas as línguas, todas as religiões, todas as ideologias, há criaturas que nasceram para dedicar-se, para gastar-se ao serviço do próximo, dispostos a não medir sacrifícios para ajudar de verdade e enfim a construir um mundo mais justo e mais humano.» (Dom Hélder)

Para as Minorias Abraâmicas, partir, caminhar, significa mover-se e ajudar muitos outros a moverem-se no sentido de tudo fazer por um mundo mais justo e mais humano. É muito mais do que um espírito, do que uma organização, muito mais uma mística do que uma rígida articulação.

Quem se sentir membro da família Abraâmica não fique só. Descubra, perto ou longe, quem sintonize, quem pertença ou possa pertencer à Família. É essencial quebrar isolamentos. O amor indicará a melhor maneira de unir e suscitar movimento. (Dom Hélder)

Com carinho e doçura, pequena contribuição

Rosemary Costa

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