CARTA COMPROMISSO DO III ENJEL

III Encontro Nacional de Juventudes e Espiritualidades Libertadoras

Salvador/Bahia – 30 de maio a 02 de junho de 2024

“vem ver, vem ver
vem cá vem ver território do bem viver
nesta terra tem dendê, tem asè e tem xirê
aqui tem luta, tem sabor e tem saber!”

Patricia Oliveira

 

 

O solo e as águas sagradas e ancestrais de Itapuã, em Salvador-BA, acolheram o III Encontro Nacional de Juventudes e Espiritualidades Libertadoras (III ENJEL), de 30 de maio a 2 de junho de 2024. Somos povos de diversas fés, rezas, credos e histórias refletindo sobre o tema “Saberes, sabores e lutas: territórios do bem viver”. Estiveram presentes 155 pessoas, entre participantes e equipes de trabalho, que vieram dos territórios AC, AL, AM, BA, CE, DF, MA, MG, PB, PR, PE, PI, RJ, RN, RO e SP.

Éramos predominantemente jovens e também algumas pessoas mais velhas. Viemos de diversas culturas, com riquezas espirituais de diferentes caminhos religiosos que colocaram em diálogo: todas, todas e todes no caminho do bem-viver, que se tornou experiência viva.

O III ENJEL foi marcado pela oralidade dos itans; das histórias que permeiam as culturas populares em nosso solo brasileiro, do sarau dançante; costurado com quintais regionais e temáticos, as rodas de conversa e muita mística que brota do chão da nossa espiritualidade que defende a pluralidade da fé libertadora, o combate ao racismo religioso, à violência da violência contra mulheres e contra a comunidade LGBTQIAPN+, o reconhecimento, mas também a busca permanente e incansável de construção de espaços de Bem-Viver.

Nós somos múltiplos rios e águas que confluem em uma trajetória cada vez mais feliz e fraterna, no movimento de retomada de saberes ancestrais, percorremos os territórios: Lagoa do Abaeté – o território Indígena Tupinambá e a Colônia de Pescadores e Agricultores de Itapuã, o Grupo de Mulheres do Alto das Pombas (GRUMAP), a comunidade da Trindade em Água de Meninos, a Casa de Axé Ilê Asé Opô Alafunbi em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador e a Juventude Ativista de Cajazeiras (JACA)

As estruturas sociais presentes não podem tirar do nosso horizonte o futuro que queremos e precisamos construir. Não podemos permitir que nossas religiões ou Estado nos represem, nos moldem ou nos controlem. A boa notícia precisa ser anunciada e independente das batalhas que travamos, sempre podemos recomeçar. Temos um compromisso de reflorestar o mundo dentro e fora de nós,  transformando tudo o que precisa ser transformado.

Os compromissos assumidos são: 

    • Engajar nas lutas de classes, antirracistas, feministas, da comunidade LGBTQIAPN+, dos povos tradicionais e originários e de todas as pessoas que estão nas margens existenciais e geográficas da sociedade;
    • Priorizar o diálogo transparente e profundo, em suas diversas formas e modalidades, como caminho de vida espiritual e amoroso. Exercitar sempre o diálogo interior (consigo mesmo) e cuidar do diálogo interrelacional com pessoas da mesma geração. Aprimorar o diálogo intergeracional entre juventudes e pessoas mais velhas, assim como o diálogo intercultural entre comunidades e entre povos.
    • Promover continuamente espaços ecumênicos, interculturais e inter-religiosos que construam o Bem-Viver; 
    • Praticar o autocuidado com a saúde holística como forma de Bem-Viver;
    • Incentivar as redes de economia solidária que, na construção de comunidades de bases, fortaleçam as lutas sociais e, em especial, junto às juventudes;
    • Ocupar os espaços da política institucional de modo a não esquecer das nossas lutas e territórios;
    • Combater as práticas religiosas que aprisionam, segregam e silenciam as diversidades;
    • Fortalecer o trabalho de base na construção do bem viver com atuação a partir dos nossos territórios;
    • Ouvir e atender os gritos e clamores da Mãe Terra, das águas e da natureza que nos rodeia;
    • Ecoar as vivências e experiências nos nossos territórios, multiplicando o Movimento de Juventudes e Espiritualidades Libertadores em cada região representada.

A partir das vivências dos Saberes, Sabores e Lutas deste Encontro Nacional, que nos nutriram, orientaram e nos enviaram, assumimos esses compromissos na dimensão pessoal e coletiva, como caminhos a serem afirmados, construídos e sempre na grande ciranda alinhavada pelo Amor Divino que já nos introduz no Bem-viver que desejamos realizar como paradigma para um novo mundo possível e necessário. Axé, Awuerê. Aleluia.  

 

 

 

 

 

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